Você já ouviu falar do médico dos adolescentes? Essa especialidade existe e é essencial para orientar e cuidar das demandas dos jovens
(crédito: Reprodução/Netflix)
Ah, a adolescência… fase de mudanças, inquietações e descobertas. Há quem sinta saudades e há quem deteste recordar a época, mas todo mundo guarda alguma lembrança divertida ou ao menos embaraçosa do período. Na arte, não faltam tentativas de representar as metamorfoses da juventude, tanto que características como rebeldia, busca por identidade e valorização das amizades são comumente associadas a esse público.
Fato é que o adolescer é mais complexo do que os estereótipos dão conta, daí a importância de um especialista para lidar diretamente com esses jovens, além de cuidar da sua saúde. Entra em cena o médico hebiatra, especializado em adolescência, e ainda pouco conhecido. Esse profissional, também pediatra, lida com questões como a puberdade e as mudanças psicológicas, nem sempre percebidas por pais ou responsáveis.
A hebiatra Bianca Lundberg explica que o objetivo da especialidade é preparar o jovem para uma vida adulta com melhores hábitos e menos sofrimento. “A ideia é ter uma escuta verdadeiramente ativa do adolescente, pois ouvindo seus problemas, queixas e dúvidas, podemos orientá-los e tratá-los melhor”, completa.
Nas consultas e acompanhamentos, há exame físico completo, incluindo verificação de peso, estatura e desenvolvimento da puberdade. Nesse momento, o paciente tem direito à privacidade. É aconselhável fazer a transição da pediatria para a hebiatria quando a ida ao primeiro médico ficar dificultada, seja pelo ambiente muito infantil, seja pelo profissional não estar acostumado a atender adolescentes.
Bianca acrescenta que as principais queixas desse público estão relacionadas ao próprio crescimento e ao desenvolvimento do corpo, à dinâmica dentro da família e na escola, entre amigos, inimigos e professores. Ademais, a autoimagem e a autoestima tendem a se fragilizar nessas idades — como tudo muda muito rápido, o jovem não se reconhece e nem sempre se aceita.
Jadi Pedrosa, hebiatra e educadora parental, reforça que questões estéticas e ligadas a um padrão corporal são bastante comuns nos ambulatórios onde atua. Sobre essa fase da vida, a especialista é enfática: “Os pais ainda temem muito o adolescer, devido à enorme desinformação em torno disso. É de extrema importância que as necessidades reais dos adolescentes cheguem até seus responsáveis”.
A adolescência
Conforme orientações das hebiatras Bianca Lundberg e Jadi Pedrosa, veja o que pais e responsáveis precisam se atentar quando o assunto é saúde das meninas e dos meninos na adolescência:
– Necessidades biológicas: sono adequado, consumo de alimentos promotores de saúde e prática de atividade física regular.
– Carteira de imunização atualizada com vacinas contra HPV, meningites bacterianas, difteria, tétano e coqueluche.
– Cautela a comportamentos de risco, como uso de álcool e de substâncias ilícitas. Além disso, o consumo permanece em alerta entre os mais jovens.
– Orientação a respeito de relacionamentos, sexo e sexualidade. Consentimento, proteção, afeto, maneiras de evitar gravidez não desejada e infecções sexualmente transmissíveis são assuntos que devem percorrer todos os momentos da adolescência.
– Zelo pela saúde mental dos adolescentes, que têm mais riscos de desenvolver baixa autoestima, depressão, ansiedade e transtornos alimentares.
– Alerta para excesso de telas e isolamento social. Educação digital menos punitiva e que promova a proatividade dos jovens neste ambiente.