Adolescente de 14 anos apreendido após anunciar suposto plano de chacina em uma instituição de ensino de Santa Maria queria ser visto como um “criminoso de alta periculosidade”. Veja o posicionamento da Secretaria de Educação
postado em 21/03/2023 06:00
A suspeita do planejamento de um massacre em uma escola pública de Santa Maria alertou as autoridades e levou à delegacia um adolescente de 14 anos, que anunciou o plano em uma conversa trocada com um colega da escola. Segundo a Polícia Civil (PCDF), o estudante tinha a intenção de se exibir e ganhar fama como um criminoso de alta periculosidade. O menor foi capturado nesta segunda-feira (20/3) pela Polícia Militar (PMDF). Com ele, foi encontrado um revólver.
Nas mensagens trocadas com outro aluno, o adolescente se gaba, diz pertencer à facção carioca Comando Vermelho (CV) e nega que ele seria o responsável por cometer o massacre na escola. “O cara da facção que vai fazer. Se ele matar alguém que eu conheço, pode ficar de boa, que vou estourar o crânio dele. Vou explodir o corpo dele na bala”, fala o adolescente.
O “cara da facção” ao qual o menor se refere seria um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC). “O PCC não tem medo de polícia, não. Aqui em Brasília, quem comanda é o PCC. Os caras só andam com arma de grande porte e botam medo em polícia”, afirma.
A todo momento, o menor se declarava uma pessoa perigosa e comenta sobre a arma que guardava em casa. “Estou falando que é de brinquedo (a arma), que mata de verdade. Já fiz até coisas com ela lá no Rio. Lá é mais legal para trocar. Aqui, não posso demonstrar que sou perigoso, porque os policiais já vem falar comigo”, diz o jovem na conversa.
O adolescente foi monitorado pela Polícia Militar após a denúncia do plano divulgado nas redes sociais. Após ser apreendido, ele foi encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), assim como o revólver encontrado.
Em nota encaminhada à imprensa, a Polícia Civil afirmou que o adolescente apreendido não pretendia, nem seu irmão, efetivar nenhum massacre em escola e que se trata de um episódio de “puro exibicionismo em que se vale de acesso a arma de fogo e das redes sociais para ganhar fama de indivíduo de alta periculosidade”. Quanto à afirmação de pertencer a uma organização criminosa, a polícia constatou que o adolescente não tem nenhuma relação com facções.
A arma apreendida na casa do garoto pertencia ao avô dele, que tinha a posse do armamento. “[…] além das organizações criminosas por eles mencionadas não terem ação naquela região e, mesmo que tivessem, não haveria motivos para acreditar que recrutariam os adolescentes sem nenhum histórico de atos infracionais ou de passagens pela DCA, ou seja, sem nenhuma experiência no mundo do crime”, ressaltou a PCDF. O adolescente permanece apreendido e permanecerá à disposição da Justiça.
O que diz a Secretaria de Educação
A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou, por nota, que a direção do Centro de Ensino Fundamental 209 de Santa Maria tomou conhecimento do possível atentado por meio das redes sociais e, imediatamente, a equipe gestora tomou as devidas providências, registrou o boletim de ocorrência e acionou o Conselho de Segurança da região. De acordo com a pasta, dois alunos foram apreendidos.
A SEEDF listou as medidas tomadas para combater ações de violência no ambiente escolar. Entre elas, está o Plano de Urgência pela Paz nas Escolas, criado em março de 2022, e implementado nas unidades escolares em que as Regionais de Ensino indicaram como prioritárias. “Vale ressaltar que não é possível identificar as instituições em que o Plano está sendo implementado por questões de segurança, tanto da escola, quanto dos alunos”, frisou a Secretaria.
Entre as ações do Plano, estão inclusos a distribuição do Caderno de Convivência Escolar e Cultura de Paz para todas as instituições, criação de um canal direto entre os coordenadores das Regionais de Ensino e a Polícia Militar, reforço do efetivo do Batalhão Escolar, continuidade da operação de revista nas portas das escolas e nas salas de aula.
“Atualmente, as ações para a promoção da cultura de paz nas escolas continuam sendo feitas. Uma equipe de psicólogos, profissionais especializados em mediação de conflitos e comunicação não violenta está em ação nas escolas, dando apoio a saúde emocional da comunidade escolar, tanto estudantes, como professores e servidores com acolhimento e sessões de escuta solidária em um projeto de gerenciamento de estresse”, finalizou o órgão.