Italiano estava internado no hospital San Raffaele, em Milão, acompanhado de Marta Fascina, sua esposa, e de seus filhos. Empresário e político tinha leucemia e vinha tratando uma infecção pulmonar.
Quem foi Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália que morreu aos 86 anos
Silvio Berlusconi ex-primeiro-ministro da Itália e ex-dono do Milan, morreu aos 86 anos na manhã desta segunda-feira (12).
Berlusconi estava internado no hospital San Raffaele, em Milão, acompanhado de Marta Fascina, sua esposa, e de seus filhos
O político foi diagnosticado com leucemia e, nos últimos meses, sofria também com um quadro de infecção pulmonar. No último 5 de abril, foi hospitalizado para tratamento da doença e permaneceu no hospital por mais de um mês.
Há três dias havia sido internado mais uma vez para realizar exames de rotina, mas seu estado de saúde voltou a piorar rapidamente.
Nascido em 1936 em Milão, Silvio Berlusconi trabalhou como cantor (“crooner”) de navio de cruzeiro antes de se tornar o 5º homem mais rico da Itália, com uma fortuna avaliada em US$ 7 bilhões, por meio da construção de um império de mídia, e foi dono de times de futebol Milan e Monza.
Em 1994, se tornou premiê – cargo que ocupou por 4 mandatos, o último encerrado abruptamente em 2011. Atualmente, seu partido, Força Itália, apoia o governo de extrema direita de Giorgia Meloni, que quando jovem definiu o ditador e líder fascista Benito Mussolini como “um bom político.”
Amigo de Vladmir Putin, causou mal-estar na Europa ao dizer, em meio à invasão da Ucrânia, que recebeu presentes e uma “carta muito doce” do presidente russo.
Protagonista de escândalos, autor de frases polêmicas e preconceituosas (“melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay”, piada sobre judeus) e alvo de dezenas de processos, Berlusconi acabou condenado definitivamente apenas em 1 deles, por fraudes fiscais envolvendo seu império de mídia.
Reprodução da página principal do site da Mediaset, de Berlusconi, anuncia morte do premiê.
Fortuna
O magnata construiu seu patrimônio com a holding de mídia Fininvest, na década de 1970, antes de entrar para a política, na década de 90.
No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e a Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006.
O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi em foto de maio de 2019
Berlusconi tinha uma fortuna de quase US$ 7 bilhões (cerca de R$ 34 bilhões), segundo a última atualização do ranking de bilionários da Forbes, e era o 5º mais rico da Itália. No ranking mundial da Forbes, era o 348º mais rico.
Política
Berlusconi criou seu próprio partido, o Força Itália, e chegou ao poder em 1994, após a operação de combate à corrupção Mãos Limpas dizimar o establishment político italiano.
Em 2001, ele voltou ao cargo, no qual permaneceu até 2006, quando perdeu por pouco a eleição para o líder de centro-esquerda Romano Prodi, ex-presidente da Comissão Europeia. À época, a Itália era ridicularizada como “o homem doente da Europa”, em razão do crescimento econômico nulo e do déficit em alta.
Em 2008, Berlusconi assumiu seu último mandato e renunciou em 2011, quando os mercados financeiros perderam a confiança na sua capacidade de impedir que a Itália sucumbisse à crise econômica.
O italiano esteve no centro de uma série de investigações e julgamentos, quase todos abertos depois que ele entrou na política em 1994. Ao todo, ele enfrentou 35 processos criminais, mas obteve apenas uma condenação definitiva.
Casamentos e escândalos sexuais
Berlusconi casou-se pela primeira vez em 1965 com Carla Dall’Oglio, com quem teve dois filhos, Marina e Piersilvio. Ele se casou com sua segunda esposa, Veronica Lario, em 1990, e eles tiveram três filhos, Barbara, Eleonora e Luigi. Em 2022, realizou um casamento simbólico com Marta Fascina, 53 anos mais nova.
Em meio aos três casamentos, sua vida foi repleta de escândalos sexuais.
Um dos principais escândalos envolvendo Berlusconi foi uma acusação, em 2010, de que ele teria feito sexo com uma dançarina marroquina de 17 anos, Karima El Mahroug, também conhecida como “Ruby, a ladra de corações”. Em seu livro biográfico, ele nega que isso tenha acontecido: “Sempre disse que nunca toquei em Ruby”.
Ruby negou ser prostituta e retirou as acusações feitas a Berlusconi. Na época, ela afirmou que Berlusconi deu a ela 60 mil euros por “generosidade”. Ele, porém, afirmou que foram 45 mil euros, destinados à compra de um aparelho de depilação. Ele disse que Ruby se tornaria sócia de um negócio com uma amiga.
Em 2013, Berlusconi foi considerado culpado por abuso de poder e por usar sua influência para tentar liberar Ruby. Ele também foi tido como culpado por ter pago por sexo com uma menor de idade, sendo condenado a sete anos de prisão e impedido de ocupar um cargo público novamente. Entretanto, ele acabou absolvido dos crimes no ano seguinte depois que entrou com um recurso.
Em 2011, investigações de jornais locais revelaram uma série de festas eróticas que ele fazia parte. Uma das alegações dos jornais dizia que Berlusconi teria feito sexo com 33 mulheres em um período de dois meses. Essas festas ficaram conhecidas como “bunga-bunga”.