A reunião do Conselho Monetário Nacional nesta quinta-feira pode ser tensa. Fernando Haddad, Simone Tebet e Campos Neto estarão frente à frente pela primeira vez desde a última decisão do Copom que manteve os juros em 13,75%. O tema do encontro é a discussão de um ajuste no sistema de metas de inflação. Formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela titular do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, o CMN tem como principal missão definir as diretrizes da política monetária do país. O resultado da reunião sai no fim do dia. O ministro Haddad tem defendido publicamente uma mudança nos parâmetros adotados hoje para que o país tenha um sistema em que a meta de inflação seja contínua. É isso que será discutido.
Atualmente, a meta é definida seguindo o ano calendário. Para 2023, o objetivo a ser perseguido pelo BC é manter a inflação em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em 2024, a meta é de 3% e deve ser mantida, disse ontem Haddad. O ano que vem já está definido, estamos discutindo o futuro de 2025 para a frente. Agora o que eu venho defendendo é que só dois países adotam a meta de inflação em ano-calendário. E isso na minha conta causa apreensão desnecessária que a todo ano tem que recolocar o problema.
Mudar esta sistemática pode ser decisivo para os rumos da taxa de juros no país. O encontro do CMN nesta semana será a primeira reunião de Campos Neto com Haddad depois de o BC manter os juros básicos do país em 13,75% ao ano e não sinalizar claramente uma redução da Taxa Selic em agosto, o que irritou o governo. As projeções do mercado, segundo o último Boletim Focus, estão em queda. Analistas reduziram a previsão para a inflação pela sexta semana
consecutiva, de 5,12% para 5,06%.