Em entrevista à um veículo de comunicação no Brasil, D’andrea explicou que a atuação política desses jovens acontece em vários setores da sociedade, como a academia, cultura, imprensa e mercado de trabalho
postado em 29/01/2023 14:52
Para o cientista social e pesquisador Tiaraju Pablo D’andrea, melhorias nas condições de vida e um maior acesso de moradores das periferias das grandes cidades à educação proporcionaram o surgimento de uma geração de jovens com um consciência de pertencimento e de ação política: o sujeito periférico.
Em entrevista à um veículo de comunicação no Brasil, D’andrea explicou que a atuação política desses jovens acontece em vários setores da sociedade, como a academia, cultura, imprensa e mercado de trabalho. Eles atuam para visibilizar, reivindicar e reconhecer as periferias como local de origem e de potência criativa, e não apenas de precariedades, diz.
“As melhores soluções para a consolidação da democracia no Brasil saem das periferias”, afirma D’andrea, de 42 anos.
Ele formulou o conceito de “sujeito periférico” em seu mestrado na Universidade de São Paulo (USP), em 2013, a partir de uma análise da atuação de coletivos sociais e culturais de bairros populares da capital paulista.
No final do ano passado, o estudo foi atualizado e relançado no livro A Formação das Sujeitas e dos Sujeitos Periféricos (Editora Dandara).
D’andrea explica que a “sujeita e o sujeito periférico são aqueles que se deram conta dessa condição e compreendem que a vivência no território os constituem como seres humanos. Essa consciência de pertencimento leva a uma ação política de reivindicação e afirmação da periferia.”
O cientista social aponta que o “sujeito periférico” emergiu na década de 1990 durante uma onda de assassinatos que vitimou milhares de jovens negros e pobres, mas também após o fortalecimento de coletivos culturais que tentavam mostrar outras características desses locais para além do estigma da violência e da pobreza.
Nascido na Vila União, periferia da zona leste de São Paulo, Tiaraju Pablo D’andrea hoje é professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, e também coordena o Centro de Estudos Periféricos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Na entrevista, ele também falou sobre o papel do homem branco e pobre na luta antirracista, a participação da periferia nas eleições de 2022 e como o “sujeito periférico” ainda encontra barreiras e resistências para ocupar posições de liderança nas universidade e no mercado de trabalho.