Na capital da República, a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, disse, em entrevista ao Correio, que o vírus é altamente agressivo, e impõe o isolamento das crianças infectadas
Crianças devem ser observadas de perto quando suspeitas de síndrome respitarória – (crédito: Kristine Wook na Unsplash)
Na noite da última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi internado no hospital Sírio Líbanes de Brasília, logo depois de retornar do Rio de Janeiro, por causa de uma pneumonia considerada “leve”, pelo seu médico, o cardiologista Roberto Kalil Filho. Lula não precisará adiar a viagem à China, mas deverá se manter em repouso, no Palácio da Alvorada (residência oficial) até o embarque, previsto para amanhã. Ontem, a causa da doença do presidente era atribuída ao excesso de atividades, como visita a espaços ora muito quentes, ora muito frios. A alternância de temperatura em diferentes ambientes e o natural esgotamento físico decorrente dos compromissos, em tese, teriam afetado a capacidade imunológica de Lula.
Embora a doença esteja sob controle, a preocupação com a saúde do presidente mantém os médicos em alerta. A pneumonia está na lista das infecções que afetam o sistema respiratório
A precaução faz sentido, quando no Distrito Federal e em várias outras unidades da Federação, o vírus sincicial respiratório (VSR), desde novembro do ano passado, vem levando um número expressivo de crianças aos hospitais, principalmente as com menos de dois anos. Segundo os informes médicos, os adultos, sobretudo, os que ultrapassaram a marca dos 60 anos, podem ser infectados pelo VSR, com sintomas idênticos aos das crianças.
Na capital da República, a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, disse que o vírus é altamente agressivo, e impõe o isolamento das crianças infectadas. Logo depois dos sintomas gripais, elas passam a ter dificuldades para respirar.
As redes hospitalares, assim como ocorreu na pandemia de covid-19, não estão plenamente preparadas, tanto em número de leitos nas unidades de terapia intensiva quanto de profissionais para garantir pleno atendimento aos pequenos. Esse transtorno, em vários momentos, dificulta o tratamento adequado. No caso do VSR, ainda não existe vacina para imunizar e conter a proliferação do vírus, mas há medicamento que pode conter o agravamento da doença.
Não basta haver medicamento para salvar as crianças que contraíram o vírus VSR. Hoje, o governo pretende rever a política nacional de saúde para crianças e adolescentes. Trata-se de providência urgente, uma vez que, nos últimos anos, o descaso, em grande parte estimulado, comprometeu a imunização da população infantojuvenil. O negacionismo, disseminado no país e no restante do mundo, negando os efeitos das vacinas, está entre os fatores que põem em risco a vida de recém-nascidos, crianças e adolescentes.
De acordo com estudo de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o retrocesso leva o Brasil ao tempo em que a cada três mortes de bebês com menos de um ano, duas poderiam ser evitadas por meio de medidas básicas. A instituição aponta também as desigualdades socioeconômicas com um dos fatores que mais impactam a vida na infância e na adolescência.
Fortalecer as campanhas de sensibilização dos adultos para a importância das vacinas, ampliar os espaços de atendimento à população infantojuvenil, com maior oferta de leitos, contratação de profissionais especializados para essas faixas etárias são, no mínimo, as providências imediatas impostas ao poder público. A camada de idosos no Brasil cresce e, em poucos anos, será superior à dos jovens, conforme indicam projeções com base nas pesquisas demográficas. Não cuidar das crianças e dos jovens, deixando-os expostos às doenças evitáveis e a falta de políticas para que tenham um vida saudável significa mortificar o futuro do país.